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A frase que intitula este presente artigo pertence à uma canção chamada “The Numbers”, da prestigiada banda inglesa Radiohead. Sustentabilidade e resiliência: esta canção trata desde as mudanças climáticas até a incapacidade política e das falhas na agenda internacional para lidar com as questões ambientais. Yorke, vocalista da banda, nos alerta:

“nós somos da Terra e para ela retornaremos”

“o futuro está dentro de nós, não está em outro lugar”.

Na primeira vez que ouvi esta estrofe da música, pude sentir um arrepio na espinha. Uma sensação de incapacidade frente aos enormes desafios que enfrentamos e enfrentaremos nestes próximos anos.

Sustentabilidade e resiliênciaA música segue em tom pessimista, os instrumentos tornam-se mais violentos e tudo fica frio. Yorke continua:

“conclamamos o povo, o povo tem esse poder; os números não decidem, seu sistema é uma mentira; o rio está secando”

E finaliza com um toque de otimismo e mensagem de resistência para acalmar os ouvidos e corações daqueles que até segundos atrás, se sentiam desapoderados:

“nós recuperaremos o que é nosso, um dia de cada vez”.

Escolhi essa música para introduzir e servir de espinha dorsal deste artigo sobre sustentabilidade e resiliência por dois motivos: em primeiro lugar, porque Radiohead é uma banda conhecida por tratar de temas bastante pertinentes, sempre relacionados ao futuro da humanidade ou aos problemas que nós mesmos criamos: doenças mentais, isolação, insanidade, barulho, caos, poluição, etc. Em segundo lugar, porque esta música, pelo menos para mim, é um reflexo muito claro da nossa atual situação: estamos correndo de um lado para o outro, buscando soluções para problemas colossais que nos colocam de cabeça para baixo, desprotegidos, desamparados, confusos. Somos guiados por governos e corporações que geralmente possuem interesses divergentes às questões ligadas ao desenvolvimento sustentável. Entretanto, sabemos que será necessário “um passo de cada vez” para que possamos recuperar e preservar aquilo que é nosso. Tudo tem o seu tempo.

O objetivo desse artigo e desse nosso “diálogo de mão única”, é de contar um pouquinho sobre uma experiência que eu tive há alguns dias atrás em um simpósio internacional sobre sustentabilidade e resiliência, na Malásia, e apontar os atuais e futuros desafios que enfrentaremos para garantir um mundo mais sustentável, justo e pacífico. Me acompanhem.

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Em julho de 2018 eu recebi um comunicado do meu orientador e líder do grupo de pesquisa do qual eu faço parte, o Grupo de Pesquisa em Eficiência Energética e Sustentabilidade (Greens). Ele havia me convidado para fazer parte da delegação de pesquisadores que compareceriam no 4º Simpósio Mundial de Desenvolvimento Sustentável em Penang, na Malásia. O tema principal do simpósio estava relacionado ao desenvolvimento sustentável nas instituições de ensino superior. E lá fomos nós!

Leia também o artigo: Precisamos falar de sustentabilidade e resiliência: O futuro está dentro de nós!

Sustentabilidade e resiliênciaApresentamos dois artigos, o primeiro intitulado “Sustainable Campuses as Living Labs for Sustainable Development: An Overview of a Brazilian Community University” (Campus Sustentáveis ​​como Laboratórios Vivos para o Desenvolvimento Sustentável: Uma Visão Geral de uma Universidade Comunitária Brasileira); o segundo, intitulado “Identifying and Overcoming Communication Obstacles to the Implementation of Green Actions at Universities: A Case Study of Sustainable Energy Initiatives in South Brazil” (Identificação e superação de obstáculos na comunicação para a implementação de ações verdes em universidades: um estudo de caso de iniciativas energéticas sustentáveis ​​no sul do Brasil).

Saímos de lá com uma imensa sensação de dever cumprido e com uma menção honrosa que reconheceu o mérito e qualidade do artigo. Naquilo, que tange à sustentabilidade e resiliência, foi um grande passo, principalmente vindo de um país como o nosso, que peca na qualidade de ensino, pesquisa e extensão.

Além das apresentações em Penang, tivemos a oportunidade de visitar Phuket, Singapura, Kuala Lumpur, Bangkok e Phi Phi. São regiões magnificas e muito diferentes umas das outras. Em algumas cidades, parecia que estávamos em um lugar utópico: poucos carros nas ruas, transportes públicos de qualidade, carros híbridos, hortas verticais, planejamento urbano, pouco lixo no chão e arquitetura futurística. Por outro lado, em outras cidades podia-se presenciar um cenário completamente oposto e distópico: cidades cinzas, pessoas cobertas até os olhos para fugir da poluição, enchentes, barulho, pobreza e tumulto. Esta experiência me abriu os olhos e me fez perceber que ainda estamos muito longe de conseguir garantir um mundo sustentável para todos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Após 4 anos de muitos estudos e pesquisas voltadas para as questões do desenvolvimento sustentável e depois de conversar com inúmeros cientistas das mais diversas partes do mundo que eu tive a honra e o prazer de conhecer no continente asiático, pude tirar algumas conclusões acerca do que estamos vivenciando e do que vamos vivenciar nos próximos anos. Entre os principais desafios enfrentados pela humanidade, posso destacar os seguintes:

Sustentabilidade e resiliência

 

 

 

 

 

 

Sustentabilidade e resiliênciaSustentabilidade e resiliência

 

Sustentabilidade e resiliência: Mudanças climáticas

De acordo com as mais recentes pesquisas e relatórios internacionais, pode-se concluir que passaremos por situações bastante difíceis nos anos que virão. A influência humana no sistema climático e as emissões de gases de efeito estufa nunca foram tão altos em toda a história. Estas movimentações são estudadas a fundo desde a década de 50 e hoje, podemos afirmar que as atividades antropogênicas impactam na atmosfera, no aquecimento dos oceanos, na diminuição da quantidade de gelo/neve e no aumento do nível do mar. Isso traz riscos enormes para os sistemas humanos e naturais, colocando inúmeras regiões do globo em risco, principalmente os países subdesenvolvidos que não possuem grande capacidade de adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Portanto, o aparecimento de queimadas, tempestades, enchentes, secas e outras catástrofes naturais serão uma “nova normalidade” daqui para frente e deverão ser enfrentados de alguma forma.

Sustentabilidade e resiliência: Migração involuntária.

Nestes últimos 5 anos, assistimos com frequência nos noticiários e nas redes sociais, imagens e reportagens sobre o aumento no fluxo migratório. Estas migrações podem ter um caráter voluntário ou involuntário. Geralmente, as pessoas que migram estão em busca de melhores condições de vida, emprego, segurança, refúgio, ou são obrigadas a deixarem seus lares por causa de conflitos, questões políticas ou desastres naturais. Estas movimentações geram conflitos diplomáticos e sociais, afetando drasticamente o funcionamento das nações. Portanto, para o futuro, espera-se que estas movimentações sejam ainda mais intensas e impactem ainda mais nas relações internacionais.

Sustentabilidade e resiliência: Insegurança alimentar

De acordo com alguns teóricos, neste exato momento, existe alimento suficiente para atender às demandas alimentares de todas as pessoas no mundo. Na verdade, de acordo com este pensamento, o que falta é a distribuição de comida para as pessoas. Portanto, para solucionar a questão da fome no mundo, precisamos empoderar àquelas pessoas que mais necessitam de comida. Precisamos de melhores infraestruturas para transportar alimento e melhores políticos/tomadores de decisões, que pensem de forma holística a questão da fome. Além disso, será necessária a produção local de alimentos, adaptando as nossas cidades, criando hortas comunitárias e urbanas em espaços abandonados, nos telhados, quintais, praças, etc. Com o aumento das mudanças climáticas, da população e da utilização de recursos naturais, precisaremos tomar medidas rápidas e certeiras para que possamos diminuir a fome no mundo.

Sustentabilidade e resiliência: Crescimento populacional e Cidades Inteligentes

Acredita-se que 70% da população mundial viverá nos grandes centros urbanos até 2050. Ou seja, nossas cidades que hoje estão sucateadas, sujas e violentas, passarão a acomodar ainda mais pessoas. Estas pessoas precisarão de transportes, água, comida e diversas outras infraestruturas que são necessárias para a garantia da segurança e do bem estar para os seres humanos. Teremos que nos adaptar se quisermos sobreviver. Isso exigirá tecnologia, educação, pesquisa e boas soluções políticas.

Note que os nossos desafios são imensos! Por isso, precisaremos pensar globalmente e agir localmente. Independentemente do que você faça ou no que você trabalhe, saiba que inúmeras ações podem ser feitas para transformar o nosso mundo em um espaço mais sustentável e justo. Incentive os seus funcionários a pensarem nas questões ambientais; crie uma horta no seu estabelecimento ou no seu bairro; utilize menos plástico; compre placas fotovoltaicas (se tiver condições financeiras para isso); desperdice menos comida; pense no ciclo de produção daquilo que você consome; pressione os políticos e tomadores de decisão da sua cidade; junte-se à sua comunidade e faça que os políticos deem ouvidos às suas demandas; utilize mais o transporte público; incentive a produção científica no seu país; consuma com sabedoria e responsabilidade; gaste menos energia, etc.

Vivemos em um planeta riquíssimo, com belezas naturais que não podem ser descritas apenas com palavras. Temos culturas diferentes, sons encantadores, religiões magníficas; comidas saborosa, histórias brilhantes e mentes inigualáveis. Somos criaturas criativas, que buscam dar significado à tudo aquilo que vemos e tocamos. Não podemos simplesmente ignorar as nossas ações negativas no mundo e continuar destruindo a nossa casa comum. “O futuro está dentro de nós, não está em outro lugar”. A solução está aqui, nas nossas mãos.

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Wellyngton Amorim

Mestrando em Ciências Ambientais e Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade do Sul de Santa Catarina. É pesquisador do Centro de Desenvolvimento Sustentável/Grupo de Pesquisa em Eficiências Energética e Sustentabilidade (Greens) e possui experiência nos temas relacionados à segurança alimentar; riscos globais; riscos existenciais; desenvolvimento sustentável; mudanças climáticas; refugiados climáticos e Nexus entre água, energia e alimentos

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