A Educação Biocêntrica, como o próprio nome sugere, coloca a vida no centro das pautas de discussão: ela surge de forma antagônica ao Antropocentrismo, pois se neste último temos a responsabilidade dos seres humanos com a natureza, no Biocentrismo fala-se sobre os nossos deveres com ela, em um nível mais profundo e afetivo.
A forma como nos sentimos com relação aos outros e sobre nós mesmos define que tipo de vida iremos levar. Daí a necessidade do surgimento da Educação Biocêntrica, uma abordagem pedagógica que valoriza os canais biológicos de expressão do potencial humano, tendo como base a construção de um núcleo afetivo e o fortalecimento da identidade a partir de vivências em grupo.
Durante as vivências propostas por essa promissora forma de educação, é possível dialogar e refletir sobre o conhecimento a partir de temas geradores, que por sua vez se entrelaçam por experiências teóricos-vivenciais que possam qualificar as relações entre os integrantes, fortalecer os vínculos e gerando ações transformadoras – de verdade.
Como a Educação Biocêntrica funciona na prática.
Não é difícil perceber o porquê dessa nova corrente estar ganhando força: profissionais da educação, da saúde, da cultura e os articuladores sociais, estão cada vez mais engajados para uma cultura de paz, por isso nada mais justo do que buscar uma aproximação das relações humanas para gerar cooperação, integração, cultivar a convivência amorosa, democrática e alegre.
Explorando poderosas ferramentas afetivas, cognitivas e sociais, a Educação Biocêntrica é uma concepção de educação baseada na vida, na cultura e na sociabilidade. Ela é capaz de gerar resultados como a redução da violência escolar, melhora a auto estima e qualifica as relações dos educandos, educadores e familiares – da sociedade como um todo.
Empatia
Imagine um círculo onde todos podem simplesmente falar como estão se sentindo naquele dia.
Neste círculo, cada pessoa tem seu momento de fala. Acompanhe por exemplo a correção relacional entre Joana e Maria, duas professoras de uma rede municipal.
Joana: – Hoje de manhã, antes de sair de casa, discuti com meu marido. Ele me disse coisas cruéis e me senti injustiçada. No entanto, durante todo o caminho para o trabalho não conseguia parar de pensar que eu deveria ter feito o café mais forte, como ele gosta. Me senti inferior, menos mulher por ter que conviver com alguém que me despejou tanto raiva logo de manhã cedo, não me parece um jeito saudável de começar o dia. Por outro lado eu o amo, e sei que talvez poderemos trabalhar juntos essas pequenas questões.
Ao mesmo tempo em que finaliza sua fala, Joana se sente mais leve e percebe que, a julgar os olhares da roda, especialmente o de Maria, talvez ela tenha trazido essa energia para o ambiente de trabalho – a escola.
Acontece que naquele mesmo dia Maria e Joana haviam se estranhado. Maria se lembrava exatamente do momento, afinal, achou muito estranho a forma irritada como Joana havia lhe respondido quando perguntou se sabia como havia ficado a nova grade de horários “Se você ainda não viu, deveria ir perguntar ao coordenador, não tenho obrigação nenhuma de lhe passar essa informação, afinal somos iguais”, ela disse.
Maria acabava de perceber que Joana na verdade queria igualidade dentro de seu próprio relacionamento e perdoou a colega, afinal quem nunca teria passado por algo parecido.
A partir desse círculo, ambas haviam se curado um pouco mais e poderiam voltar a trabalhar bem, como sempre haviam feito.
Afeto e sua dissociação da inteligência.
A miséria e a enfermidade, a injustiça e a exploração são uma vergonha para nossa inteligência e existem muitas aplicações dessa nova forma de pensar a educação. Não obstante, as empresas de grande porte, principalmente as mais visionárias, rapidamente passaram a valorizar os seus funcionários e proporcionar certas vivências para tornar o time mais produtivo através dessa conexão entre os membros, líderes.
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Claro que dentro de um mercado voltado unicamente para o aumento dos lucros torna-se um pouco mais difícil, porém não impossível. Essa maior dificuldade acontece porque a inteligência hoje é vista de uma forma dissociada da afetividade.
A pessoa chega no mercado de trabalho já defasada, pois os fundamentos da educação que recebeu exigem muito de seu cognitivismo racional, mas não há exigências na reeducação afetiva: A Inteligencia Emocional e a Inteligência Racional são dois lados da mesma moeda e elas não devem ser dissociadas.
A educação biocêntrica tem o afeto como primeiro elemento do conhecimento – e não o racionalismo.
A afetividade é uma das funções psicológicas mais perturbadas e reprimidas dentro do mundo relacional, social, educacional e político atual. Ela se refere ao que se ama, aquilo que se manifesta subjetivamente como ternura, amizade, altruísmo, amor universal, afinidade pela vida. Uma definição essencial de inteligência afetiva seria
a capacidade afetiva de estabelecer conexões com a vida e relacionar a identidade pessoal com a identidade do Universo.
Todos os membros da humanidade, possuem esta capacidade potencial, mas ela está profundamente bloqueada pela dissociação afetiva da inteligência: o principal motivo da conflitante condição atual da humanidade.
3ª edição do curso de Educação Biocêntrica em parceria com a UNISUL/Campus Pedra Branca – Palhoça – Grande Florianópolis.
A ONG Moradia e Cidadania da Caixa Econômica Federal está com matrículas abertas para participar desta ação de formação e capacitação a qual inicia em agosto deste ano e tem a duração de 12 meses – são 12 módulos e acontecem um final de semana por mês. Esta ação de formação não tem fins lucrativos e por isso tem um preço bem acessível pois, este valor é somente para cobrir as despesas do curso.
São R$ 50,00 de inscrição e R$ 180,00 de mensalidade.
A finalidade do curso é promover a (re)educação afetiva de homens e mulheres, para que estes(as) possam resgatar sua sensorialidade viva e requerer em comunhão com o outro a construção de uma sociedade altruísta, cujas todas as ações sociais sejam originadas em defesa da vida. A educação biocêntrica como um portal de recuperação de nossa humanidade, hoje desconfigurada por um estilo de viver patológico em nossa trama social. É uma mediação pedagógica fundante de um novo modo de ser- estar no mundo.
