Holistic Growth Hacking

Ouso começar esse artigo dizendo que Growth Hacking é coisa do passado. Mas como um termo que foi cunhado em 2010, crescendo de fato nos últimos 3 a 5 anos já morreu? É possível? Sim e não.

Eu explico:

Sim, pois até o próprio Sean Ellis, em uma conversa pessoal que tivemos durante a Growth Hackers Conference de 2019, chegou a dizer que existem casos onde o nome “Growth Hacking” já não é mais tão aplicável, e que estava surgindo uma terminologia subsequente chamada Holistic Growth. Ela não substitui a primeira, apenas complementa e especifica melhor sua aplicação.

Não, pois Growth Hacking, na minha concepção, é um mix de Metodologia, Gestão e Mindset que se adapta incrivelmente bem para os famosos cenários VUCA (Voláteis, Complexos, Incertos e Ambíguos). Considerando o movimento do mercado nos últimos anos, fica claro que não existirão mais muitos mercados “tradicionais” sem rupturas significativas, que geralmente são trazidas pela tecnologia, e onde existem rupturas, o modo de se trabalhar do Growth Hacking será aplicável.

O Passado (ou as origens) de Growth: e se pudéssemos aprender muito mais rápido?

O que eu acredito ser perene em Growth Hacking é o motto, a premissa, a filosofia por trás da “metodologia”, que se baseia no questionamento: e se pudéssemos aprender muito mais rápido? Num cenário competitivo onde velocidade é chave, se pudermos aprender muito mais rápido aquilo que funciona e aquilo que não funciona, PROVAVELMENTE estaríamos mais próximos de alcançar os resultados que tanto almejamos.

Afinal, como já diria Klaus Schwab, fundador do Forum Econômico Mundial, estamos em um mundo onde não é mais o Peixe Grande que come o Peixe Pequeno, e sim o Peixe Rápido que come o Peixe Devagar.

growth hacking

O presente de Growth: Mais Growth, menos Hacking!

E é com base no pensamento anterior que vale ressaltar que já passamos daquela fase inicial de Growth Hacking onde contávamos histórias de Hacks que turbinaram as métricas de sucessos de alguns negócios.

Com todo respeito, não faz sentido nenhum continuar usando histórias de 2000 e bolinha (ou até antes) como os clássicos Hacks do Hotmail – P.S: I love you. Get your free e-mail at Hotmail, que gerou 1 milhão de usuários em 6 meses; ou do Dropbox – com o primeiro Member Get Member Bilateral, que gerou 3 milhões de usuários em 12 meses.

Esses cases são maravilhosamente lindos, não há nada que tire o mérito de suas equipes terem feito um trabalho excepcional num momento onde tais estratégias ainda eram ou desconhecidas ou pouco utilizadas, mas saímos da época dos Hacks Milagrosos e entramos na era do CGR.

Ué, CGR… O que é isso? C.G.R. é a sigla para Compound Growth Rate. É a soma composta dos resultados de pequenos sucessos que ajudam na criação da curva de crescimento exponencial.

Abaixo, vocês conseguem visualizar um exemplo de como “pequenas” vitórias acumuladas podem gerar resultados exponenciais ao longo do tempo.

P.S: Lembre-se que para gerar crescimento exponencial é super importante passar pela etapa de clareza de Product/Market-Fit. Não sabe o que é ou quer se aprofundar mais? ???? Então se liga nesse artigo que explica PMF de ponta a ponta 

No presente, Growth é um processo de transformação baseado em 4 pilares:

  • Estruturação de Times Multidisciplinares
  • Gestão Data-Driven
  • Processos e Rituais
  • Cultura de Growth Holístico

growth

O futuro de Growth: Holistic & Integrated & Agile!

Apesar de muitas vezes relacionarmos Growth com Marketing, quando pensamos no futuro de Growth, distanciamos cada vez mais de uma vertical específica e enxergamos Growth discutindo assuntos corporativos como Design Organizacional e Stack Tecnológico.

E olhando para o futuro de Growth, fica óbvio que dependendo de qual for sua latitude e longitude, pode ser que esse momento já tenha chegado, portanto, é nossa responsabilidade implementar um modelo de trabalho HOLÍSTICO, INTEGRADO E ÁGIL.

Falar de Growth Holístico talvez seja o tópico mais atual de todos..

só que ainda pouco implementado. Em teoria, Growth deveria ser implementado e cultuado (a nível de cultura) por toda a empresa para ser altamente efetivo em termos de geração de resultado.

Para isso, é importante começar a organizar a empresa de modo a trabalhar por fluxo de valor. E quando se fala de Design Organizacional por fluxo de valor, basicamente estamos falando de times multidisciplinares trabalhando em times focados em métricas do funil, e não mais em silos funcionais, como nos moldes tradicionais.

métricas do funil

E Quando falamos de Growth Integrado..

estamos falando da integração de times de tecnologia a times de negócios, trabalhando de forma verticalizada. Unindo ao conceito de times multidisciplinares por fluxo de valor, a evolução da gestão das squads por etapas do funil, seria fazê-la através de uma gestão de metas e entregáveis que conectam seus integrantes com os resultados da companhia, e não somente a capacidades individualizadas.

Leia também: Dono do seu tempo: O 996 da China está morrendo.

Por exemplo: Na parte de ativação, possivelmente, dentro das squads de desenvolvimento dentro do fluxo de valor de Ativação estarão os funcionários de Antí-fraude, que têm, obviamente, o objetivo de garantir a segurança da corporação contra ações de corrupção de seus usuários.

Porém, estes também devem estar conectados à meta de número de ativação, assim eles “não jogam contra a própria empresa”, criando empecilhos para evitar as fraudes, e assim sendo, evitando também em alguns momentos ativações não fraudulentas por excesso de zelo. 

metas de growth

Por fim, Growth Ágil..

diz respeito à estrutura e um stack tecnológico embarcados que possibilitem testar diversas hipóteses de maneira extremamente ágil. Para tal, a maneira como enxergamos a nossa estrutura de arquitetura tecnológica deve mudar, principalmente a nível de gestão de risco.

Hoje, quando falamos em processo de desenvolvimento, temos diversas etapas até o software (um aplicativo, por exemplo) ir para produção, ou seja, ficar disponível para seus milhares ou milhões (ou até bilhões) de usuários.

No Growth do futuro (que não é tão futuro assim para muitas empresas de tecnologia de ponta, como Netflix, Facebook, Google, Airbnb e LinkedIn), o ideal é trabalhar com um quase tudo já a nível de produção, onde ao invés de fazer deploys por fases, foca-se em deploys por círculos, ou seja, por grupos de usuários.

Dessa maneira, quando alguma modificação for feita em alguma camada do software, somente uma pequena camada de usuários, que podem ser, inclusive, somente os próprios desenvolvedores, podemos verificar a efetividade das mudanças nas métricas-chave já a nível de produção.

Caso os ponteiros das métricas-chave sejam movimentados de maneira positiva, naturalmente as modificações poderiam ser distribuídas para os demais círculos de usuários até se tornar padrão para toda a base.

growth ágil

Com a arquitetura tecnológica correta, estruturada de maneira a utilizar microsserviços para modularizar o desenvolvimento, associada à técnicas de feature toggle, uma boa arquitetura de dados para conseguir mensurar experimentações e testes em diferentes camadas e com um modelo de deploy em produção contínua, o passo subsequente seria preparar uma equipe de atendimento (customer support / customer experience) especial para lidar com situações atípicas geradas pelos testes e experimentos sendo gerados pelas equipes de Growth e Desenvolvimento trabalhando de forma Holística, Integrada e Ágil.

Agora, para concluir, se vamos chamar de Growth Hacking, Holistic Growth, Integrated Growth, Agile Growth, ou seja lá como for, já não cabe a mim dizer, mas sim EXECUTAR, TESTAR, APRENDER e COMPARTILHAR!