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Quem tem mais de 40 anos vai lembrar com bastante nitidez quando o muro de Berlim caiu. Aquilo foi uma loucura; de repente as pessoas tiveram certeza que a História havia chegado ao seu ápice; e que o colapso do comunismo (após o tombo do fascismo na Segunda Guerra) abriria as portas da felicidade para um novo tipo de paraíso – o humano.

Trinta anos depois, se você for olhar o humor da galera, tá um troço meio esquisito. O que está dando errado?

Ainda que vivamos uma era de riquezas totais crescentes, diminuição da fome, guerras e doenças*, e o menor patamar de violência já experimentado em milênios, a sensação de muitos é que as margens estão se estreitando; a desilusão parece coletiva. Muros, nacionalismos, proteções crescem; democracias balançam ao crescimento de autoritarismos e soft ditaduras; imigrações e acordos comerciais basicamente põem a todos em desacordo.

Aqui começa a análise do Harari.

A primeira questão que ele detecta: estamos perdendo a fé na narrativa liberal. Lembre-se, Harari acredita acima de tudo que nós precisamos contar histórias e criarmos mitos comuns para podermos cooperar e crescer. Isso define a essência da evolução do Sapiens.

Quando o comunismo ruiu, diz ele que a narrativa vencedora – centrada no valor e no poder da liberdade individual – afirmava que a democracia liberal tinha a resposta única para nossos problemas no mundo. Mais cedo ou mais tarde, a prosperidade e a igualdade chegariam a todos, via eleições diretas e sabedoria popular. Nascemos acreditando que o livre-mercado, a democracia e a globalização resolviam tudo, bastando aplicar cada vez mais autonomia e empoderamento ao indivíduo para que sabiamente conduzissem a seus países. Até mesmo Iraque, Brasil ou Iêmen se renderiam a esta realidade, que mais cedo ou mais tarde nos transformaria a todos em uma Dinamarca.

PS: importantíssimo conceituar aqui que o liberalismo que ele fala nada tem a ver com visão política. É um conjunto de crenças que tem, na figura do ser humano, a escala máxima de valores bons. Liberdade, verdade, justiça, igualdade, livre-arbítrio são os principais pilares. A liberal-democracia seria o sistema representativo mais relevante.

Leia também:

1- Clareza é poder. 21 Lições para o Século 21 e porque precisamos delas.

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3- Como Podemos Preparar para o Futuro e Criar Futuros Alternativos?

Só que veio a crise financeira de 2008. Quebradeira geral de empresas, pessoas e países. E o que era líquido e seguro – que democracia representando a voz igual de todos era o melhor caminho – aparentemente deixou de ser. Mas qual seria a diferença desta crise para outras muito piores que já tivemos? Por que dessa vez surgiram com muita força fenômenos que já julgávamos enterrados?

Primeiro, porque ela afetou países e classes sociais muito diversas. Pegou quase todo mundo; e depois porque segundo o Harari, como estamos há centenas de décadas nos dedicando a desmontar qualquer outra narrativa global (política, econômica, nacional, religiosa) parece que agora estamos sem muita opção do que por no lugar do liberalismo. Nada para unir uns 5 bilhões de pessoas, mais ou menos, para cooperar em escala global em um momento onde estamos à beira de ter que tomas decisões que mexerão conosco em uma escala nunca vista. Temos questões climáticas urgentes e a aceleração tecnológica aumenta a sensação de desorientação e catástrofe.

Numa situação assim, o que eu, você e a torcida do Timão normalmente faríamos? Ué, tentar buscar resposta no que já sabemos que, bem ou mal, serviu em outras ocasiões, certo? Líderes, dogmas, sistemas e práticas já provadas em situações de crise, que salvaram a tribo do ataque inimigo. Vem daí esse estica-e-puxa: novas necessidades que já não cabem em padrões de respostas antigos, soltos e fragmentados e que não dão contas das mínimas variáveis.

Nesse contexto, a pessoa comum (eu e você, talvez), se sente cada vez mais irrelevante, pois intui que o pouco que conhece de nada servirá. Se já mal sabemos o que pensar em um mundo de refinarias, barragens e tvs, que dirá compreender as explosivas revoluções em curso da biotecnologia e tecnologia da informação. Ah, você acha que ele não leva o poder humano de saber escolher muito a sério? Verdade; mais pra frente ele explicará porque talvez estejamos sobrevalorizando isso como nossa melhor opção.

Mas essa não é a primeira vez que o modo liberal de pensar a vida enfrenta desafios, você dirá. Olha a própria Segunda Guerra Mundial, o auto-desmanche da URSS. O mercado sempre deu um jeito de se mostrar mais forte. A ética liberal aprendeu ao longo das décadas, com as outras narrativas, a incorporar conceitos como empatia e dar valor à igualdade, tentando expandir sua rede de bem-estar social – com mais ou menos sucesso, mas reconhecida como a melhor ferramenta de amparo ao ser humano até hoje. Sim, mas isso não reverte a urgência de quem se sente pressionado a escolher para si e os seus pensando no aqui e agora. A escala de tempo individual é outra.

O takeaway

Se as narrativas globais não mais servem, por que não as abandonamos? Temos alternativas? Pode o liberalismo se recriar mais uma vez? É momento de romper totalmente o passado e inventar uma narrativa completamente nova – não só de deuses e nações – mas mesmo dos valores de igualdade e liberdade? Nos capítulos seguintes, ele vai analisar uma a uma todas as possibilidades de cooperação possíveis para estas perguntas.

Harari recusa o tom apocalíptico e também o futurismo feliz, bobinho e; mas ao invés do pânico, propõe uma humilde perplexidade como o melhor estado de espírito para olhar a realidade como ela é.

No próximo capítulo, ele vai falar sobre o trabalho. Se tecnologia e ideologia parecem questões muito vagas, a perspectiva real de mexerem com seu emprego deixa todo mundo interessado e de orelha em pé. 🙂

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Anna Flavia

https://www.ynharari.com/book/21-lessons/

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Anna Flavia

Filósofa, pesquisadora de criatividade e de polimatia. Co-founder Associação Polímata. Professora e facilitadors de insights, encantando serpentes. Co-fundadora do Tomorrow X. Future Hunter e professora da Oli - Aerolito.

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