FERRAMENTAS DIGITAIS & INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS

Use as Inteligências Artificiais

Sem saber qual ferramenta de automação de marketing e vendas escolher? Conheça o nosso testador de ferramentas.

Quer conhecer as últimas novidades em Inteligências Artificiais? Conheça o nosso diretório de I. A.

Se no primeiro dia de 2020 você me dissesse que eu entregaria meu apartamento em São Paulo para mudar para um sítio, eu provavelmente iria rir da sua cara e dizer que você tinha perdido o juízo! Pois então, nessa semana entreguei meu apartamento e estou indo morar em um sítio no interior do Rio. Pode até ser que quem tenha perdido o juízo seja eu, mas isso só vamos descobrir lá na frente.

Mas esse texto não é sobre a mudança, é sobre o processo de escolher esse caminho.

Sei que não sou o único, mas 2020 tem sido um ano difícil de engolir. Pra mim, começou de cabeça pra baixo com a luta do meu pai contra um cancêr, transformou a rotina com a pandemia, mudou meus planos com uma demissão inesperada junto de 80% dos meus pares e liderados, e me fez engolir a seco, notícia a notícia, cada uma das mazelas provocadas, financiadas e apoiadas pelos irresponsáveis que governam o país.

No meio disso tudo aprendizados! MUITOS APRENDIZADOS!

Thiago GABRI

Quem me conhece sabe que eu sempre fui dos que segue o fluxo quando o assunto é carreira, que meta dada é meta cumprida e que muitas vezes o sonho dos outros veio antes dos meus. Os mais próximos sabem que já tive meu burn out e entendi o que é chegar no limite do esgotamento mental. Nos últimos 15 anos, abri mão de momentos com as pessoas que eu amava para estar enfiado no escritório batendo uma meta que não necessariamente era a minha. Priorizei a carreira antes dos amores, dos amigos e até dos peludinhos de estimação.

Arrependimento? Definitivamente não! Não me arrependo do processo que me trouxe até aqui e sinto muito orgulho de tudo o que eu conquistei nessa jornada, principalmente do volume enorme de gente incrível que eu pude conhecer em cada uma das cadeiras que ocupei. E não paro pra pensar se faria diferente, porque sempre acreditei que o que passou passou, mas quero usar os privilégios que eu tenho para parar, respirar e olhar pra frente, pensar no próximo ciclo.

Nesse processo pós-demissão tive o prazer e a oportunidade de conversar com MUITAS empresas, que parei de contar quando chegou em 70. Falei sobre vagas sensacionais que há 2 anos seriam meu sonho de carreira, conheci fundadores de negócios de alto impacto, explorei planos de expansão de empresas brasileiras em outros países e de empresas de outros países aqui. Senti arrepios (bons e ruins) ao falar sobre metas, cultura, performance, liderança, diversidade, carreira e planos!

PLANOS! Foi falando de planos que me dei conta do privilégio que é, em um país como o nosso, poder se dar ao luxo de parar para fazer planos em meio a uma pandemia! Foi nesse processo também, que constatei não fazer a menor ideia de quais eram esses planos e percebi que talvez não soubesse dirigir sem estar no piloto automático. Foi então que comecei a processar alguns aprendizados:

1) Nada é definitivo:

O maior medo de mudar ou de ficar no lugar em que a gente está é a sensação maluca de medo que nos invade. Várias vezes ao tomar decisões na minha carreira tinha a sensação de que era algo pra sempre, que não daria pra mudar, que era feio voltar atrás. Nesse processo de agora tenho conseguido levar as coisas com mais leveza e isso está totalmente conectado ao entendimento de que NADA nessa vida é definitivo e que o gostoso de ser humano é poder mudar e se reinventar.

2) As prioridades mudam com o tempo:

Ao se deixar levar e curtir o processos de mudança, a gente se dá conta do perigo que é estar preso em ideias fixas sobre o que é certo. A gente pode se permitir repensar o significado da palavra sucesso e quais são os fatores que realmente compõe o sentimento de auto-realização. Uma vez que a gente ressignifica padrões que sempre estiveram na nossa cabeça, a gente se permite fluir com menos medo de errar e passa a priorizar as coisas que fazem sentido naquele momento pra gente, aberto e entendendo as consequências que isso pode trazer. Minha terapeuta costuma dizer que tudo que é bem negociado internamente tem menor risco de gerar frustrações lá na frente porque a gente entende o que estava por trás da decisão.

3) A flexibilidade é um privilégio delicioso: 

Nesse processo de trabalhar de casa comecei a perceber o quão gostoso é escolher o melhor momento para fazer suas entregas, poder sentar para almoçar com calma, observar o que está acontecendo no seu entorno e ainda assim ser muito mais produtivo. Nesses meses, eu pude entender o significado da palavra privilégio aplicada ao contexto profissional e refletir sobre os impactos positivos do home office, mesmo em um mercado em que a esmagadora maioria dos profissionais não tem escolha. Percebi que quando a vida te dá ESCOLHA é importante que você a use da melhor forma possível e sendo extremamente fiél àquilo que te faz bem.

4) Viver sem crachá é uma transição estranha: 

A gente cresce com um crachá pendurado. Primeiro você é o filho de alguém, depois do aluno da turma tal, então o estudante da faculdade x e enfim passa a ser o fulano de tal empresa. Somos sempre identificados por algo externo, por algo que fazemos ou que fazem com a gente. Quando te tiram esse crachá, o primeiro instinto é se apegar ao passado e virar o Fulano ex empresa x e é dificil mudar a ótica do cargo e empresa para olhar a pessoa que construiu algo, que fez algo, que aprendeu algo e que pode ser especialista em alguma coisa sem necesariamente estar com um crachá no peito. Ainda estou longe de conseguir entender como essa transição termina, mas ela tem me forçado a entender mais de mim a cada vez que alguém me pede uma mini bio.

5) Se puder escolher, escolha ser ponte: 

Boa parte do que tem acontecido nesses últimos meses é resultado de mover conexões. Quase todas as empresas com quem conversei vieram por indicação de antigos colegas de trabalho, investidores, chefes e liderados. As ideias que saíram desses papos também se conectam entre si e muitos dos tópicos discutidos se interrelacionam. Seus antigos liderados podem virar seus clientes, e de certa forma seus novos chefes. Nesse processo ficou ainda mais evidente que tudo está conectado e que o que você faz hoje, a forma como você trata as pessoas hoje e o interesse genuíno que você tem por essas mesmas pessoas hoje, vão refletir muito no que vai acontecer com as oportunidades amanhã. Por isso é importante escolher ser ponte, conectar ideias e pessoas sem segundas intenções e fazer isso pelo prazer de ver outras pessoas terem sucesso nos seus objetivos.

6) É importante manter o braseiro aceso: 

Em 2020 passei por três pontos interessantes que me lembraram o quanto o equilíbrio é importante! Atravessei o mundo para estar alguns dias próximo de amigos de longa data, passei meses completamente sozinho e sem contato com ninguém e depois priorizei um tempo para estar em convívio diário com meus pais. Nesse processo eu percebi o quanto é gostoso poder viver nesses três universos e aprender em cada um deles. Voltando a terapia, sempre falamos que cada um desses processos é um braseiro que precisa ser mantido acesso para que a gente possa se sentir aquecido e completo. Pensar em caminhos profissionais que permitam que os três pontos coexistam passou a ser miha prioridade para esses próximos passos.

7) Tente não se desesperar: 

É muito difícil não surtar quando tudo parece fora de controle, mas é exatamente no momento em que você afrouxa as rédeas e deixa a coisa correr um pouco mais solta que as oportunidades aparecem. Não estou falando pra você sentar “no trono de um apartamento / Com a boca escancarada, cheia de dentes / Esperando a morte chegar”, mas ideias fixas impedem a gente de explorar e arriscar em novos caminhos. O medo cega e nos impede de ver coisas boas mesmo quando várias oportunidades aparecem na nossa frente. Eu tenho me permitido testar formatos novos, coisas novas, mesmo que isso signifique menos estabilidade em vários outros pontos. Se ainda tiver furos no seu cinto que dê pra apertar, pode valer a pena fazer o teste.

Sei que muitos desses pontos só existem na minha vida por conta dos privilégios que me permitem parar para pensar, vários incusive que vieram como consequência de momentos em que a pausa não existiu. Não quero soar inocente, irresponsável ou incoerente com a relidade de muitos outros profissionais, só achei que seria legal compartilhar um pouco dos aprendizados para, quem sabe, te estimular a observar o entorno nos momentos em que a vida te obrigue a parar.

Se puder deixar um conselho, fique atento às oportunidades de respirar que a vida pode te oferecer, porque no geral isso vai acontecer em meio ao caos quando olhar pra dentro com tanto barulho do lado de fora pode ser bem difícil.

E você? Tem algum aprendizado desse 2020 pra compartilhar?

Share.
Thiago Gabri

Especialista em Gestão de Vendas Jornalista de formação, Thiago caiu de para-quedas no mundo das vendas e participou da estruturação da máquina de vendas da Resultados Digitais e da expansão de uma das unidades do Linkedin na América Latina. Através do conhecimento prático, já mentorou mais de 150 empresas em 8 países e atualmente se dedica ao suporte e a formação de lideranças comerciais em empresas de alto crescimento.

2 Comentários

Leave A Reply