Especial Rock in Rio Humanorama : os insights do primeiro dia do evento
Publicado Originalmente no portal Gente
Em setembro, o Rock in Rio Humanorama promoveu encontros inusitados com convidados especiais de Brasil e Portugal, lançando luz a um assunto imprescindível para a transformação do mundo como conhecemos: as conexões humanas.
Como nossas perspectivas e vivências nas esferas individuais e coletivas podem contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais colaborativa, igualitária e que vive em sinergia uns com os outros e com o espaço que ocupam?
Da cultura, ao meio ambiente, da nossa existência ao modo como podemos chegar no outro a partir de nós mesmos.
As melhores reflexões do primeiro dia do evento você confere aqui!:
“Quando eu fiz a música Como uma onda, eu tinha 30 anos e foi inspirada por coisas que sempre acreditei. Vem da filosofia grega, de Heraclito: ‘tudo flui. A coisa certa é a mudança’. E essa música vem da filosofia de vida que me serviu bastante. Meu grande amigo e mentor Vinicius de Moraes tinha morrido há 1 mês. Lembrei da frase do Vinicius que dizia ‘a vida vem em ondas como o mar’.
“O medo vem da desconexão das habilidades comunitárias. Existe uma dor muito profunda. A narrativa foi centrada no indivíduo.” “A falta de pertencimento da branquitude faz o ter -ter- ter. Nas periferias há uma abundância de pertencer. O existir só é possibilitado pelo pertencer. Essa perseguição que temos de só olhar para frente como se a nossa melhor versão estivesse por vir. Temos muito que aprender olhando para trás.”
“Se o modus operandi é da escassez e as pessoas na escassez pensam em ter e juntar. O medo é não ter, é perder, é ser igual.”/ “A desigualdade é um dogma que precisamos avançar. Existe uma manutenção dos privilégios.”/ “Os negros estão sempre estudando para se preparar para o futuro, trabalhar para se preparar para o futuro. Quando esse futuro chega?
“A inovação nunca foi pensada para resolver os problemas sociais. A lógica nunca foi essa. Para a tecnologia resolver os problemas da humanidade, quem faz tecnologia deve ter essa premissa.” / “Será que nós estamos resgatando a ancestralidade ou ela que está nos resgatando? 20% dos povos originários resguardam 80% do território de mata. Nós estamos respirando graças a eles.” / “O medo é uma matriz psicológica muito complexa. O medo de investir numa outra narrativa é maior do que se ganha do ponto de vista coletiva.”
“A nossa forma mental é do século 20 onde nada se podia, um mundo mais vertical. A nova geração não vem com esse ‘não pode’. Sou um aprendiz hoje das gerações mais novas.”/ “Nós adultos temos que entender que os jovens não precisam da nossa experiência, desde que ela seja contada de uma forma agradável e interessante.”/ “Séc XXI não se diferencia por idade, mas por mentalidade. Com a pandemia, vimos que essa diferenciação se estendeu para além da mentalidade, mas também pela maturidade.”
“Que venham mais empresários que botam o ser humano na frente do business. Nada vai funcionar se estivermos olhando para o nosso umbigo. Sou a favor da pluralidade. A gente enriquece quando a gente conhece outras culturas e se abre para outras culturas.”
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“De onde eu vim, as políticas públicas inexistem. Para mim, cidadania ativa é não aceitar o destino traçado. É levar uma agenda de inovação, criatividade, potência onde só se espera tragédia. Tem que transitar em todos os ambientes, mesmo quem não precisa pode colaborar para todas as pessoas No nosso caso, a cidadania é necessidade vital.” /“Eu penso que temos um desafio no Brasil – como construir uma agenda que não seja vinculada a partidos e candidatos e sim à sociedade.”/ “Perdemos a capacidade de produzir consensos mínimos na sociedade dos views – para onde estamos caminhando com essa necessidade de crucificar quem pensa diferente? O foco no que concordamos é disposição em constituir um ecossistema, não uma bolha. Proteger a diferença com um grande santuário onde todos são bem vindos.”
“O papel da música e da cultura é veicular o discurso, veicular a emoção, a revolta, o aplauso no ato bem vindo. O papel da arte, do cinema, da literatura, dos esportes. A cultura é por onde fala o espírito, onde a alma se manifesta. A cultura é tudo que não é negócio, comércio, técnico, tudo que está para além é cultura. Cultura é fundamental.” / “Tem espaço para o silêncio até porque o silêncio é eloquente em muitos casos. Quando eu não digo algo onde a turba está dizendo tudo, tem significado. Um barulho ensurdecedor o que está acontecendo, uma vocalização o tempo todo, um sistema de comunicação extraordinariamente ativado. É tanta gente gritando ao mesmo tempo que eu não sei o que cada um está dizendo. A expressividade precisa de certa economia para ter efeito. O silêncio e a palavra, as duas coisas em diálogo permanente.” / “O caldo de cultura da fake News – você pode mentir porque é sua opinião. Essa bolha se fura com a obrigação moral, o entendimento moral que você tem deveres com os indivíduos e consigo mesmo – dos mais próximos aos mais distantes. O alfinete na mão é uma atitude permanente para furar todas as bolhas.”
“Sem amor a gente não faz nada, não cria laços, não se conecta.” / “O mundo ainda é muito machista, nós mulheres temos que provar o tempo todo. Lutar não é problema, mas cansa.”/ “Ninguém vê os tombos que a gente leva. Ninguém vê o suor, trabalho. Eu quero respeito pela minha história.” / “O ser humano é a coisa mais linda desse universo. Eu gosto de observar as pessoas.”
“Meu filho faz parte da maior minoria do mundo. O mito da normalidade é tóxico. Todos tentam se encaixar nesse mundo. Ele é violento para todos, para alguns ainda mais. Normal vem de normalis – que é uma régua de carpinteiro. Não é uma palavra que foi criada para medir a complexidade humana, foi feita para medir coisas.” / “O grande aprendizado mora na convivência. Quanto estamos entregando outras narrativas na vida dos nossos filhos? Quem são nossos amigos? Com quem nossos filhos convivem dentro da nossa casa? Você tem amigo com necessidades especiais?”
“Não estamos dizendo que a família tradicional está errada, só estamos dizendo que cabem outras possibilidades.”
“O futuro é plural. São muitos futuros que podem ser desenhados. A lógica de hoje é controlar tudo, e temos que nos abrir para o imponderável. Temos que ressignificar a relação com o tempo. O Humanorama está plantando essa semente para emergir um mundo melhor.”