Você, sempre em último lugar – quem nunca? Tanto se fala de autocuidado e saúde mental hoje. E futuro do trabalho então? Virou clichê. Se o sentimento de falta de tempo continua sendo constante, alguma coisa está fora de ordem.
Sou um Ser Humano. E também acumulo estes “poucos” papéis – como aposto que no seu caso, não deva ser muuuuito diferente:
Sou mãe. Sou filha. Sou parceira afetiva. Sou profissional. Meio workaholic, amo trabalhar. Mas venho aprendendo há alguns anos a equilibrar melhor outros tantos pilares importantes na minha vida. Afinal, a lista de papéis segue. Vamos lá.
Sou estudante. Eterna. Da vida inclusive. Sou lifelong learner. E isso toma tempo.
Sou amiga. Dessas bem presentes e pessoais, não digital, amiga “exponencial”, se é que me entendem. As pessoas me nutrem e sinto que também as nutro de alguma forma. Dá trabalho e demanda tempo.
Sou doméstica. Antes fosse empregada, ao menos receberia para isso. Nesse caso, é pura obrigação mesmo, sem retorno financeiro, apenas o prazer de viver em um ambiente limpo e bem cuidado. Crescer dá nisso, temos uma casa (felizmente! Amém!) prá cuidar.
Sem falar em alguns outros papéis mais coadjuvantes. E alguém vem falar de autocuidado? De que é um problema sério a falta de tempo? Parece papo de doido. Ou doida.
Daqui a pouco estamos gritando por aí, naqueles momentos de falta de controle (e falta de autocuidado, lógico):
“Vai tomar no AUTOCUIDADO!”
Maaaas… acontece que: no fim das contas, se você, por si, não tomar a decisão de priorizar a transformação que tanto deseja na sua vida, ninguém cuidará de você.
Transformar a sua vida no que você sonha toma tempo. Se falta tempo, você não transforma.
Isso TOMA TEMPO, mas eu diria que é o melhor investimento da sua vida. Da minha, tem sido. Ou seja, se falta de tempo for o seu problema, conforme-se: a sua vida caótica, próxima a te levar a um Burnout – e isso é sério – continuará tal qual está. SEJA FAIR COM VOCÊ. ESSE JÁ É UM 1º GRANDE PASSO PARA COMEÇAR A SE AUTOCUIDAR.
Seja fair com você. Esse já é um 1º grande passo para começar a se autocuidar.
Nem o sistema, nem seu possível empregador ou melhores clientes e talvez até mesmo, nem algumas pessoas que você ama muito, priorizarão tempo para mudar a SUA vida.
Afinal, elas também estão sofrendo de falta de tempo para cuidar de suas próprias transformações. Captou o senso de Matrix?
O sistema em que vivemos, em todos os aspectos, foi modelado por algumas pessoas no passado, que nos levaram a chegar no ponto em que estamos.
Ou seja, enquanto nós, relés mortais, estávamos ocupados demais apagando os incêndios do dia-a-dia, algumas pessoas muito inteligentes e estratégicas, boa parte bem egocêntricas, se dedicavam a construir e influenciar futuros que elas desejavam viver um dia.
E olha só, não é que elas vivem o que sonharam hoje? Estão lá, enriquecidas, cuidando apenas de seus próprios interesses, assim como no máximo, a de seus herdeiros. E de forma até um tanto ingênua, permitimos que isso acontecesse.
“Estar muito ocupado(a) agora significa arcar com altos custos mais tarde.”
Sohail Inayatullah
É lógico que existem algumas raríssimas exceções no mundo. Pessoas que enriqueceram e que não apenas distribuem bem suas riquezas para muitos, assim como andam cuidando de regenerar o mal que por vezes, de forma não intencional até, acabaram por fazer. Mas estas, podemos contar nos dedos.
Ou acionamos o autocuidado já ou os futuros que sonhamos serão engolidos pela falta de tempo no presente
Precisamos de mais gente assim, nessa causa da regeneração, independentemente de suas condições financeiras. Gente com tempo para juntos construirmos futuros regenerativos. Porque só sonhar, não basta. Precisamos construir as pontes.
Falta de tempo para fazermos isso hoje significa que estamos endossando a construção de futuros não condizentes com o que desejamos. E tempo para o autocuidado irá mais uma vez, para os sonhos. Apenas sonhos.
Os sistemas de educação formais, em todos os aspectos e níveis – desde o jardim da infância até as formações de líderes por meio de escolas de negócios – continuam na sua grande maioria ainda muito desajustados de suprir as necessidades e demandas de uma nova era.
E isso tem tudo a ver com o futuro do trabalho ou ainda, os trabalhos do futuro e estilo de vida. Afinal, continuamos educando pessoas em moldes industriais e patriarcais. Está tão enraizado, que nem percebemos.
“O ser humano passa a primeira metade de sua vida arruinando a saúde, e a outra metade tentando restabelecê-la”.
Joseph Leonard
Quer entender melhor essa lógica? Esse é o tema de meu próximo artigo e você poderá conectar melhor as ideias.
Cada vez que dizemos não para nós e para a reserva de tempo essencial no hoje para modelarmos o nosso amanhã, sempre por falta de tempo, entramos em um profundo buraco negro que parece não ter fim.
Sim, é o sistema vigente, é o mecanismo, alguns até diriam que é mais forte do que nós. Como se fossemos apenas vítimas.
Não somos vítimas. Somos sim manipulados. E nos permitimos ser, consciente ou inconscientemente. Às vezes, é até confortável. Me lembra um pouco a síndrome de Estocolmo.
Alguns tem dito por aí que precisamos de mais design doing do que de design thinking. Eu diria que precisamos ainda mais de futures doing. Porque o Design Thinking – ou doing – resolve problemas do hoje. Mas quem está cuidando de evitar os problemas de amanhã?
- [Nova Economia]: Tempo de um Reset Rumo a Abundância
- Robôs podem dominar debate político, alertam especialistas.
- A Física do Futuro está se provando ser a física do futuro.
Como sair desse ciclo vicioso da falta de tempo já e prezar o autocuidado em minha rotina diária?
Percebe o problema? Se não você, alguém está cuidando do amanhã da gente. Pode apostar. Alguém está dedicando tempo para esta modelação de mundo.
Então se não temos tempo para parar e pensar melhor em nosso sonhos e como construir as pontes até eles… que também não continuemos reclamando da… falta de tempo que nunca parece cessar.
Dicas básicas e simples, por onde começar a me autocuidar mais? Temos! : )
1. Aprenda a dizer não. De uma vez por todas.
O difícil nem é tanto dizer não. Percebo que o mais difícil que isso é não sofrer ao dizer não.
2. Ter clareza do que você quer para a sua vida. Hoje e daqui 5, 10 anos.
O princípio básico para você cumprir a dica anterior com primor e leveza. Caso contrário, vai continuar ou dizendo sim, ou não com muito peso. Não vale a pena. Melhor ir buscar ter clareza. E priorizar tempo para isso.
3. Aprender e exercitar, quase que diariamente, uma melhor divisão do seu tempo considerando 3 horizontes de tempo.
Alocar parte de seu tempo em tocar a rotina (o que não muda, apenas precisa continuar acontecendo, ao menos, no seu hoje), outra parte do que deve mudar em alguns poucos meses ou poucos anos e ainda uma parte que de fato zele pela construção da ponte em direção aos seus futuros desejados, sonhados, regenerados.
Eu e meu amigo Moisés Oliveira, do Futurotopia, falaremos mais sobre isso e como zelar pelo seu propósito de vida também no próximo episódio do Trocas que Transformam, programa oferecido pela Lifelong Workers.