A tecnologia vem contribuindo cada vez mais para a criação de novos modelos, conceitos e desafios. O que já vem acontecendo no segmento supermercadistas, varejo. Existe uma série de tecnologias desenvolvidas recentemente, desde robôs que organizam o estoque até lojas sem funcionários, em que o pagamento é realizado por reconhecimento facial, são inovações que estão aparecendo em diversas iniciativas espalhadas pelo planeta. Entretanto, estes avanços estão melhorando o varejo, mas não o transformando em seu núcleo.
Ao mesmo tempo que a tecnologia contribui para a evolução da sociedade ela altera as economias. Mas ainda temos o ser humano realizando tarefas que, em alguns lugares já são, realizadas por robôs. E o ser humano precisa voltar para o centro dele. Deixar a máquina realizar as tarefas que lhe competem e identificar o seu real lugar nesse novo mundo, que é o de ser pensante.
Não é possível pensar em uma transformação profunda do varejo sem uma extensa base de dados dos consumidores e a tecnologia para analisá-la e, automaticamente, promover uma experiência personalizada de consumo.
“Olhando para frente, o futuro é incerto e no presente as pessoas ainda pensam de forma analógica. A inovação não pode se basear em parâmetros anteriores. O desafio é criar modelos novos”
Carlos Piazza
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Chegaremos em um momento em que os supermercados não terão prateleiras. Os produtos serão apresentados em hologramas e informarão, inclusive, a maneira com que o produto foi produzido mais os valores nutricionais. Os produtos passarão a ser empacotados por robôs e entregue diretamente ao cliente no final de suas compras na loja ou em um endereço que ele escolher. Falar em e-commerce físico pode parecer algo muito ‘viagem’, por muitas pessoas ainda pensarem que o e-commerce pode ser apenas via celular, tablete ou computador.
Contudo, o maior desafio nesta área é fazer com que os supermercadistas entendam e participem desse futuro que está vindo com muita potência.
O ato de ir até o supermercado deixará de existir. Será o supermercado que virá até as pessoas. E a tecnologia vai auxiliar nesse processo. Cada pessoa será analisada previamente para receber ofertas customizadas somente daquilo que consome, ou seja, cada pessoa terá um supermercado de acordo com o perfil de consumo.
Já sabemos que a tecnologia modificou a maneira om que nos relacionamos. E vai modificar também a maneira com que fazemos compras nos supermercados.
“Modelos de negócio mudam no meio do caminho porque não temos mais espaço para coisas analógicas. Precisamos criar a consciência da existência de fatores externos e inesperados e encarar a aleatoriedade com naturalidade e como fator benéfico”
Carlos Piazza
Porém, a resistência por parte de quem toma as decisões pode atrapalhar o processo. Mas é preciso fazer com que entendam esse processo evolutivo e tecnológico para que estejam aptos, compreendam e permaneçam evoluindo.
Já existem supermercados inteligentes, como o Amazon Go, que não possui operadores de caixa e tudo é cobrado automaticamente no aplicativo por meio de cartão de crédito. E isso é possível porque a Amazon equipou seu supermercado com sensores e câmeras que utilizam técnicas de visão computacional e aprendizagem de máquina, como nos carros autônomos da Tesla, por exemplo, para que eles possam entender automaticamente quais produtos você pegou ou devolveu na prateleira da loja. O que evita roubos e permite que os clientes façam as compras de maneira mais natural, basta pegar os itens que deseja, colocá-los na sacola e sair do supermercado, sem ficar esperando na fila.
Vendo essa ideia que tem dado cada vez mais certo outras empresas também aderiram, como é o caso do Walmart, que não quis ficar para trás e já começou a trabalhar na sua própria versão de loja 100% inteligente e automatizada. Assim eles criaram o Intelligent Retail Lab (IRL) que funciona em Levittown Nova Iorque. Um dos principais diferenciais da loja é que ela possui tecnologias que permitem monitorar toda a loja em tempo real. Eles possuem câmeras e sensores por toda a parte que estão encarregados de notificar os funcionários quando algum produto acaba na prateleira da loja ou nos estoques. Desse modo o Walmart não substitui as pessoas por máquinas, e facilita o trabalho delas criando um sistema todo automatizado e integrado.
Cada vez mais os lojistas vêm compreendendo as necessidades do consumidor e propondo alternativas criativas para fazer com que a experiência de compra fique ainda melhor.
“As empresas olham para dentro delas, mas não para a janela. Não precisamos mais fazer o papel das máquinas”
Carlos Piazza
OUTRAS INOVAÇÕES NO RAMO DE SUPERMERCADOS
Ao invés de procurar mudanças nas nas gôndolas, a Caper investiu em carrinhos de compras inteligentes. A criação, desenvolvida pela empresa fundada por Lindon Gao, já usada em duas lojas em Nova York, é ele quem tem um leitor de imagens para que o consumidor apenas escaneie o produto e ele já seja automaticamente computado na compra.
“Se você entrasse em um supermercado de 100 anos atrás, veria que nada mudou em relação a hoje. Não faz sentido que a gente possa chamar um táxi ou reservar um hotel por aplicativos, mas ainda tenha que ficar horas na fila para pagar uma compra”
Lindon Gao
Ao final, basta usar o cartão de débito ou crédito no leitor que também está incluído no carrinho, e levar os produtos para casa. Também é possível pagar com os meios eletrônicos Apple e Android Pay. Mais amigável para o tradicional público dos supermercados, a ideia do carrinho inteligente já atraiu investimentos de US$ 3 milhões (R$ 11,1 milhões), liderados pela First Round Capital e com a participação de Max Mullen, cofundador de um dos serviços mais populares de delivery de compras nos Estados Unidos, o Instacart.
Levar inovação a um setor que ainda opera com base no tradicionalismo foi sua maior motivação ao criar a Caper, que agora se prepara para lançar uma nova versão do carrinho, que reconhecerá os produtos quando o cliente colocar no carrinho. Até mesmo produtos comprados a granel serão computados pelo peso reconhecido no carrinho, que terá programado em sua memória um mapa da loja em que está.
A CHINA E A EVOLUÇÃO DOS SUPERMERCADOS
O Fresh Hippo, supermercado da Alibaba, é o principal case do novo varejo no mundo. Também chamada de Hema, a rede já conta com mais de 150 lojas na China e cada uma delas tem um faturamento médio 30% maior do que um supermercado tradicional, segundo Jeffrey Towson, que é investidor de private equity, professor da Universidade de Pequim, autor de best-sellers e palestrante.
“A fusão de ativos físicos e digitais em uma experiência de consumo integrada e desenvolvida com base em dados”.
Jeffrey Towson
Os produtos disponíveis na loja, a maneira como eles estão distribuídos, o caminho pelo qual o cliente passa e, principalmente, a plataforma digital do Fresh Hippo foram planejados com base em dados de consumo.
“Em breve, com mais dados sobre a saúde do consumidor, poderá contraindicar um produto ao qual, você ou seu filho seja alérgico, e até recomendar uma dieta mais apropriada. E até indicar um filme, porque a plataforma sabe que você gosta de assistir a algo depois de jantar”
Jeffrey Towson
No fim das compras, porém, não é preciso levar nenhuma sacola cheia de produtos. O serviço de delivery do Fresh Hippo garante a entrega em, no máximo, 30 minutos em um raio de 3km de qualquer unidade.
E NO BRASIL?
Aqui no Brasil temos diversos supermercados que já atuam de maneira inteligente. O mais recente deles é o Zaitt, que possui a primeira loja 100% autônoma da América Latina. A unidade funcionará 24 horas no bairro do Itaim Bibi (SP) e opera em parceria com o Carrefour, responsável pelo suporte logístico e de abastecimento de parte do sortimento de produtos.
“Estamos testando novos conceitos, inovações e tecnologias para melhorar a experiência de compra e alcançar novos clientes. Assim como fazemos globalmente, iremos estreitar parcerias com empresas e startups que nos tragam novas tecnologias e competências para acelerar a nossa transformação digital e gerar escala para serviços e soluções realmente inovadores”
Paula Cardoso, CEO do Carrefour eBusiness Brasil.
Nesta unidade do Itaim, o foco será todo em food service, snacks, bebidas, produtos de limpeza, higiene pessoal, orgânicos, dentre outros, incluindo produtos frescos e prontos para consumo além da possibilidade de preparação e consumo de alguns até mesmo dentro do mercado, a expectativa em relação ao início das operações é grande.
Para comprar na loja, o consumidor deve ter o aplicativo desenvolvido pela Zaitt, dotado de um sistema de pagamento que proporciona uma experiência sem a necessidade de caixas e filas. É o cliente que guia a sua própria jornada dentro do mercado, adicionando os produtos ao carrinho virtual e realizando a compra – tudo pelo app.
Para proporcionar uma experiência de compra com o menor atrito possível ao consumidor, a Zaitt conta 24h com a ajuda de muita tecnologia. Câmeras com sensores monitoram cada ação e reconhecem quem está no mercado em tempo real. Na Zaitt, o cliente está no centro da conversa, começando pela abertura e fechamento sendo feitas por ele mesmo de duas formas após baixar o aplicativo do mercado e fazer o cadastro: pela leitura via aplicativo do reconhecimento facial ou do QR Code no totem, ambos disponíveis ao lado da entrada.
No mercado de São Paulo o cliente conta uma nova experiência chamada RFID (Radio Frequency Identification). Trata-se de um sistema de identificação de produtos automático por meio de sinais de rádio. Por meio dele não é necessário o escaneamento produto por produto – eliminando qualquer atrito no processo de compra – sendo todos eles identificados na última etapa antes da saída do mercado.
Com os produtos em mãos, para sair do mercado o cliente escolhe, assim como na entrada, entre o reconhecimento facial e a leitura do QR Code para se abrir a primeira porta. Quando essa porta se fecha, o cliente fica entre duas portas de vidro, momento no qual a radiofrequência entra em ação e identifica todos os itens selecionados. Com a leitura finalizada, ele só confirma a compra total em uma tela que fica à sua frente e pronto, a segunda porta é liberada e o valor total é debitado automaticamente do cartão de crédito cadastrado.
“Compreendemos a unidade de São Paulo como um marco não só nacional, como também em âmbito global. Estamos radiantes com a oportunidade de trazer uma experiência de compra inovadora e completa aos clientes. E, claro, termos um parceiro como o Grupo Carrefour nessa jornada nos traz ainda mais energia para continuar criando formas de revolucionar o varejo”
Rodrigo Miranda, cofundador da Zaitt.
O mercado físico ainda existirá, mas de uma maneira bastante diferente da qual você está acostumado. A tendência é que todos os processos dentro das lojas sejam digitalizados e todas as transações gerem dados sobre as compras. E o mercado também vai se tornar mais um espaço de coleta de dados. A tecnologia está avançando mais e mais a cada dia e chegará um momento em que fará parte de todos os segmentos que conhecemos e estará presente na vida de todas as pessoas.
Fonte: Portal Apas | Rede Brasileira | Hand Gran | Revista PEGN | Starse | Portal no Varejo | Uol