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Há duas grandes escolas de Prospectiva: a francesa e a anglo-saxônica, com origem nos EUA. A escola francesa, apesar de se ter iniciado e desenvolvido mais cedo, é considerada como fundada na metade da década de 60, por Bertrand de Jouvenel e por Michel Godet. É, por isso, uma escola que nasce na sociedade civil, ao contrário da americana, que tem origem num ambiente militar. Este fato terá contribuído para determinar diferenças substanciais entre estas duas escolas e, desde logo, na aplicação prática: a escola francesa serviu, no seu início, essencialmente para caracterizar sociedades futuras nas suas vertentes social, econômica e cultural, enquanto a americana tinha como objetivo apoiar as ações militares.

Michel Godet, professor durante 32 anos no CNAM (Conservatoire National des Arts et Métiers), onde criou e chefiou a área de Prospectiva Estratégica, veio a desempenhar um papel determinante no desenvolvimento da prospectiva e influenciar decisivamente a matriz da escola francesa, nesta matéria, ao escrever, no início da década de 80, o livro “La Prospective”, que continha o método por si criado. Para além do cargo de professor, Godet passa a acumular vários outros cargos, entre os quais se destacam o assento em diversos think tanks (espécie de laboratório de ideias) e a sua participação no Conselho francês de análise econômica, que reporta ao Primeiro-Ministro francês.

Capital Social vs Capital Tecnológico

Dada a sua origem, a escola francesa tem um cariz humanista e privilegia o papel dos atores sociais, enquanto a escola anglo-saxônica considera a tecnologia como o principal fator de mudança. Esta diferença de base é naturalmente geradora de outras diferenças que traçam uma linha que separa o processo de desenvolvimento das duas escolas de prospectiva.

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Leia também o artigo: Análise Prospectiva é sobre estudo de futuros, futurismo é sobre arte.

Qualidade vs Quantidade

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Entre estas diferenças está, desde logo, o facto de a escola francesa atribuir maior valor aos métodos qualitativos, baseados no recurso do conhecimento, reunindo painéis de experts, workshops para debate e análise de cenários, a análise estratégica dos atores, entre outras. Enquanto a sua oposta valoriza mais os métodos quantitativos, fazendo uso de ferramentas como a extrapolação de cenários, modelações de simulações e dinâmicas de sistemas ou o método Delphi, que contraria significativamente os princípios orientadores da escola francesa, já que determina o contributo dos especialistas de forma individualizada e propositadamente sem contato entre eles.

Por outro lado, esta diferença poderá considerar-se atenuada pelo fato da escola francesa recorrer a processos com maior grau de formalidade, enquanto a norte-americana privilegia processos onde impera uma maior informalidade, o que é, apesar de tudo, mais condizente com a sua própria cultura.

Participação do interessado.

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A realização de um trabalho de Prospectiva tem sempre um interessado, independente de qual das escolas de prospectiva estamos falando. Outra das grandes disparidades de procedimentos entre as duas escolas reside no fato de na francesa este interlocutor, seja cliente ou outro ator com interesse no resultado, participar no desenvolvimento e ser, por isso, também ele produtor do projeto e das suas conclusões. Já na escola americana não é suposto que o interessado participe, de qualquer forma, na elaboração do trabalho, competindo-lhe apenas receber, de forma transparente, o resultado do mesmo.

Semântica

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Todas estas disparidades terão também contribuído para diferenças de ordem semântica entre as duas escolas de prospectiva. Enquanto a francesa, desde a sua origem, não tem dúvidas em se afirmar como Prospectiva, já a anglo-saxônica tem vindo a adotar diversas designações, que vão desde “futurology” ou “future studies”, “forecasting”, até “scenarios”, “Future oriented studies” ou “Foresight”, entre outros, e nem sempre para dizer a mesma coisa.

A grande semelhança entre as Escolas de Prospectiva

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Contudo, apesar de todas estas diferenças, as duas escolas de prospectiva estão em sintonia quanto a duas grandes e importantes considerações:

  1. de que a vontade humana é capaz de influenciar o futuro.
  2. de ter como objetivo fazer com que os atores tenham conhecimento dos cenários possíveis.

Certamente motivado por estes fatos, que aproximam as duas escolas, tem-se assistido a uma convergência entre métodos e processos utilizados, o que tem também facilitado o desenvolvimento da Prospetiva e Cenarização no sentido de acrescentar cada vez mais ferramentas e meios que contribuam para uma cada vez maior capacidade.

 

 

 

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Afonso Rangel Cabral Rangel Cabral

Formador dos módulos de “Iniciativa Empresarial e Empreendedorismo” e “Intraempreendedorismo” na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto; Sócio e Director-Geral da Frases e Predicados, sociedade que se dedica à gestão de diversos investimentos, maioritariamente imobiliários e turísticos. Membro do Conselho de Administração, Sócio e Gerente de diversas Sociedades em Portugal e Angola.

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