Redes Sociais Tóxicas e o Algoritmo Padrão, por André Crevi
Falar que as redes sociais se tornaram pauta do cotidiano é simplesmente comentar obviedades. Antigamente tínhamos o costume de fazer comentários sobre o tempo ou até mesmo sermos pautados pela televisão, mas hoje o que nos move na comunicação é o que bomba nas redes sociais.
Levando em consideração todo o momento histórico e político que o mundo atravessa na era da hiper comunicação; seria interessante analisar como podemos sair ilesos dos filtros, algoritmos e toxicidade das redes sociais. São poucas as pessoas que acessam a internet e as mídias sociais que não passaram pela situação mental estressante de se deparar com uma opinião discrepante ou ilógica, analisando é claro, pelo prisma pessoal de cada um.
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Bolhas digitais
Apesar de toda suposta liberdade de comunicação e audição que a internet possui ainda é um exercício árduo sair dos ‘filtros-bolhas’ online que o algoritmo nos impõe. Eli Pariser ativista político e da internet já falou sobre esse processo onde há um algoritmo que ajusta a alimentação do conteúdo de acordo com as suas preferências, alinhamento e comportamento pela internet, calculando que apareça para você apenas assuntos que sejam da sua esfera e discriminando opiniões divergentes das suas. Podemos até inferir que o enfrentamento de ideias diferentes seja o caminho correto para o entendimento melhor das outras pessoas, mas como ter esse tipo de comportamento se realmente não toleramos quem pensa diferente da gente? Fica o questionamento até onde os algoritmos podem ser os vilões nesse processo. Afinal eles querem a nossa atenção e não que você simplesmente desligue as redes sociais porque ficou estressado com o posicionamento dissonante de alguém sobre determinado assunto na sua timeline, cabe a reflexão sobre esse processo, você suporta ouvir ou ler algo de alguém que pense diferente, ou mais fundo, que vá contra as suas próprias convicções pessoais?
Vídeo Eli Parisier: Tenha cuidado com os filtros-bolha
Redes Sociais Tóxicas
Voltando sobre os algoritmos; Zeynep Tufekci techno-sociologista analisa que está sendo criada uma inteligência artificial impondo uma distopia baseada em cliques de anúncios, juntando a ideia do filtro-bolha do que apenas gostamos de ver ou ouvir, criando assim uma demanda de atenção que nos fará ficar mais tempo assitindos vídeos online para que sejamos público alvo de anúncios.
O algoritmo prioriza alguns conteúdos e encobre outros; o exemplo disso é quando você assiste determinado vídeo, vai aparecer outra sugestão com uma opinião mais radical ou contundente para embasar o seu pensamento ou ideia. Mas vamos lembrar que isso não é feito por um editor humano, e sim por uma inteligência artificial que molda esse raciocínio prevendo o que irá estar de acordo com as nossas opiniões, agora fica claro que além do filtro-bolha de amigos e conhecidos que pensam iguais a gente, teremos que lidar com uma máquina que vai incitar mais ainda esse comportamento polarizando quase todos os assuntos, esquerda x direita, homem x mulher, feio x bonito, certo x errado e por aí vai…será que o algoritmo espertamente compreendeu que os humanos gostariam de discutir incansavelmente o sexo dos anjos e os assuntos sem conclusões óbvias e dessa maneira nos manter enclausurados mesmo que contra a nossa vontade apenas para fixação, venda de anúncios e dados pessoais?
Tenho que dizer que isso seria um plano maquiavélico perfeito, pois a verdade é que a maioria das pessoas ainda possuem um tipo de atenção mórbida patológica, veja as mídias de notícias de fofocas, sensacionalistas ou violentas continuam com muitos acessos, obrigado!
A conclusão é que a era da hiper informação nos trouxe liberdades individuais e coletivas muito importantes, mas como diria o tio do homem aranha: ‘Grandes poderes, trazem grandes responsabilidades.’ Portanto cabe à cada um a reflexão logica de ideias pessoais expostas e o nível de tolerância para com a dos outros. Buscar também fazer uma varredura do que está sendo imposto pelo algoritmo para você é importante. Apesar do grande auxílio que as redes sociais nos trazem, ainda é de bom tom manter a vilância do que devemos consumir online: tome as rédeas da sua vida digital.
Vídeo Zeynep Tufekci: Distopia de cliques em anúncios
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